Afinal, o que são Cuidados Paliativos?

Dra. Cristina Guimarães Savoi, médica e coordenadora do serviço no Hospital da Baleia explica essa especialidade médica.

A palavra “paliativo” deriva do latim pallium, que significa manto, numa alusão à ideia de proteção e acolhimento. A proposta dos Cuidados Paliativos é resgatar a verdadeira essência da arte médica, em seu intuito original de cuidar, independentemente da possibilidade de cura. Cuidar de um indivíduo doente, considerando suas particularidades, suas opiniões e seus desejos, muito além do seu histórico de doenças. Conhecer e valorizar a biografia do paciente, incorporar à atenção seus familiares, os aspectos sociais e culturais da pessoa adoecida. Preservar a identidade do paciente. Tratar de maneira eficaz os muitos sintomas físicos, como a dor, a falta de ar, os vômitos, que atormentam os pacientes e limitam sua qualidade de vida.Ouvir e atender aos anseios espirituais, às angústias, à busca de um sentido. Cuidar das questões emocionais, dos medos, frustrações, dificuldades e expectativas que permeiam a vida dos doentes que se veem diante da possibilidade real, e muitas vezes próxima, da morte. Dar ao paciente dignidade. Encarar a finitude como natural e sagrada, integrante do processo de viver. Respeitar a autonomia do sujeito e seu direito de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Em resumo, o objetivo maior dos Cuidados Paliativos é assegurar que o paciente viva o mais ativamente possível até o final, com o mínimo sofrimento.

Para que isso seja possível, é fundamental a atuação de uma equipe multiprofissional com sólida formação técnica e humana, capaz de atender às diversas necessidades do paciente e de sua família. A relação do profissional de saúde com o paciente e sua família é alicerçada em confiança e respeito, gerando decisões compartilhadas cujo foco é a máxima qualidade de vida possível. A comunicação clara, honesta, empática e compassiva torna possível o cuidado em toda a sua amplitude e complexidade. Os Cuidados Paliativos englobam ainda a assistência ao luto, reconhecendo a importância da extensão da atuação da equipe, mesmo após o óbito do paciente.

Os desafios não são poucos. Boa parte da população desconhece a existência e o significado desses cuidados. Há uma série de mitos e inverdades acerca do tema. Muitos pensam que cuidado paliativo é reservado apenas a pacientes com câncer, ou apenas a pacientes ‘terminais’. Contudo, são aplicáveis em doenças das mais diferentes naturezas, como falência de órgãos- insuficiência renal, hepática ou cardíaca, doenças infecciosas crônicas como SIDA, doenças respiratórias graves, doenças neuromusculares, demências e todas aquelas que, por seu caráter progressivo e incurável, ameaçam a continuidade da vida. O benefício da abordagem paliativa deve ser oferecido precocemente, de preferência desde o diagnóstico da enfermidade. Outro erro comum é achar que os pacientes em cuidados paliativos não podem receber tratamentos específicos para a doença. O que se propõe são os cuidados simultâneos, em que tanto tratamentos modificadores da doença quanto tratamentos com enfoque paliativo são oferecidos concomitantemente, de acordo com a demanda de cada paciente e conforme a fase da doença.  

Os Cuidados Paliativos modernos nasceram no final da década de 1960, na Inglaterra. Em diversos países, já existem políticas públicas que garantem o direito à essa modalidade de assistência. No Brasil, temos um longo caminho a percorrer antes de termos cuidados paliativos disponíveis em esfera nacional.

Cuidados Paliativos no Hospital da Baleia:

O Baleia tem em seu DNA o cuidado humanizado. Por isso, foi fácil a inclusão dessa clínica no rol de serviços ofertados a quem mais precisa. A Ala Célia Guimarães Diniz, recém-inaugurada para o trato da COVID-19, será, posteriormente, dedicada às atividades da especialidade. Serão 34 leitos em um espaço moderno e com conforto para tratar os pacientes enquanto precisarem.

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