Com 200 pessoas à espera de leitos em Minas Gerais para o tratamento da COVID-19, o governo do estado informou que o sistema de saúde entrou em colapso esta semana. Em Belo Horizonte, o número de leitos de UTI para pacientes com COVID-19 se tornou, pela primeira vez nesta pandemia, insuficiente para atender a demanda. São 363 pessoas aguardando um leito para apenas 353 vagas.
Belo Horizonte registra mais de 95% dos leitos SUS ocupados e na rede privada a situação é ainda pior: 109,6% de ocupação dos 353 leitos de UTI para a COVID. No Hospital da Baleia a taxa de ocupação do CTI é de 110% desde a última terça-feira, 16/03. A enfermaria COVID-19 também registra 100% de ocupação, sendo que o hospital não consegue mais receber nenhum paciente com a doença. “É um cenário bastante preocupante, já que esses pacientes são extremamente graves. A grande maioria deles, em ventilação mecânica, ou seja, dependem da máquina para sobreviver”, explicou Dr. Flaviano Assunção, coordenador do CTI-COVID do Hospital da Baleia.
Dr. Flaviano integra um grupo de coordenadores dos CTIs de todos os hospitais de BH e afirma que o índice de dependência da máquina para respirar atingiu o maior número desde o início da pandemia. “Do total de doentes em CTI na Capital, 74% deles estão precisando de um ventilador mecânico. Hoje temos pacientes que ficam mais tempo internados e isso me dificulta a assistir novos pacientes”.
O especialista ainda alerta para a mudança do perfil dos pacientes: “A gente vive, há um ano, uma mudança do perfil de paciente e evolução da doença. O que chama atenção, hoje, é que temos paciente mais novos, entre 40 e 50 anos. Vários em torno dos 30. A maioria que depende da máquina para respirar”, acrescentou.
Outra preocupação é em relação aos insumos do Hospital da Baleia. O médico aponta que há medicamentos como sedativos e bloqueadores neuromuscular apenas para os próximos 20 dias. “Infelizmente, voltamos ao cenário de julho, no qual a demanda de paciente é muito grande e a demanda de complexidade também. Temos dificuldade de encontrar insumos no mercados. Hospitais estão convivendo com estoque cada vez menor”.
Referência em saúde
O filantrópico Hospital da Baleia oferece 30 especialidades médicas e como referências, os Centros de Oncologia Adulta e Pediátrica, Nefrologia (Hemodiálise e Transplante Renal), Ortopedia, Pediatria e Cirurgia Bariátrica e Metabólica, além do Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais (Centrare). Construído há 76 anos, a instituição conta com recursos financeiros e doações voluntárias para a cumprir com excelência a sua missão na prestação de serviços de saúde aos mineiros. Todos os anos, são feitos em média, 1,2 milhão atendimentos a pacientes de 88% dos municípios mineiros – sendo 95% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).