Levantamento divulgado no último dia 5 de março, pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), revela que os transplantes renais apresentaram queda de 24,5%. A queda na taxa de transplantes renais com doador falecido foi maior do que a queda na taxa de doadores efetivos, possivelmente relacionada à dificuldade de envio de rins não utilizados em alguns estados por restrições na malha aérea.
Ainda segundo a ABTO, 10% dos pacientes que receberam rim foram infectados pelo novo coronavírus. Mas para toda estatística, há exceção. Três meses depois de receber um rim de um paciente que veio a óbito, Zelícia Maria de Sá, 38 anos, que fazia hemodiálise há quase 3 anos no Hospital da Baleia, comemora o sucesso do seu transplante renal realizado no próprio hospital, em plena pandemia. Ela sofria de insuficiência renal, um problema genético que afetou, além dela, outros quatro familiares. “Eu sempre passava muito mal, estava indisposta e quando descobri o meu problema sabia de tudo que viria pela frente. Tenho uma irmã que faz hemodiálise há 12 anos, uma tia que também faz hemodiálise e outros dois tios que são transplantados”.
A vida, após o início das sessões de hemodiálise, mudou completamente. Três vezes por semana, durante quatro horas por dia, Zelícia ficava ligada a uma máquina de hemodiálise no Hospital da Baleia, mas sempre mantendo a esperança e os sonhos. “Eu sabia que fazer hemodiálise era uma situação provisória. Eu nunca me entreguei à doença e todos os dias eu me preparava para receber essa tão sonhada ligação do transplante. Mantive firme os meus sonhos de voltar a ter uma vida normal, de beber água, viajar e dar continuidade aos meus estudos. Alguns sonhos já estou realizando, como beber muito líquido, e outros vou realizá-los quando a pandemia acabar.”
No Dia Mundial do Rins, celebrado hoje, 12 de março, Zelícia retornou ao Hospital da Baleia e surpreendeu a equipe de enfermagem que a atendia. “Eu estou muito emocionada em vê-la tão bem. Ela era uma paciente diferenciada, o tratamento é muito difícil, mas a gente sempre a via muito alegre e com boa autoestima. Fiquei muito feliz quando soube que ela conseguiu o transplante e, agora, mais ainda em reencontrá-la”, contou a técnica de enfermagem, Kátia Silva Pereira.
Referência em saúde
O filantrópico Hospital da Baleia oferece 30 especialidades médicas e como referências, os Centros de Oncologia Adulta e Pediátrica, Nefrologia (Hemodiálise e Transplante Renal), Ortopedia, Pediatria e Cirurgia Bariátrica e Metabólica, além do Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais (CENTRARE). Construído há 76 anos, a instituição conta com recursos financeiros e doações voluntárias para a cumprir com excelência a sua missão na prestação de serviços de saúde aos mineiros. Todos os anos, são feitos em média, 1,2 milhão atendimentos a pacientes de 88% dos municípios mineiros – sendo 95% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).